domingo, 18 de dezembro de 2011

Zeca: 'No subúrbio é assim: a pessoa só se casa uma vez'

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17/12

Zeca Pagodinho é um cara sem frescuras. A simplicidade do cantor é tamanha que, muitas vezes, ele é incompreendido. Zeca não gosta de entrevistas formais. Mas não há quem fique sério conversando com ele. Também detesta tirar fotos para a imprensa. Diz que não gosta de fazer poses. Não se incomoda, no entanto, quando um fã o aborda. Ele fala, com simplicidade, de coisas pacatas da vida. O cantor e a mulher, Mônica, acabam de fazer uma grandiosa festa para comemorar as bodas de prata.
O segredo para completar 25 anos de casamento, Zeca responde na bucha: "Não tem. Minha mãe é casada há 60 anos. No subúrbio é assim. A pessoa só se casa uma vez". No Natal, ele vai fazer a festa das crianças de Xerém distribuindo dois mil brinquedos, além de cestas básicas. A entrevista a seguir mostra o que Jessé Gomes da Silva Filho pensa sobre a vida. Porque Zeca Pagodinho, o artista, só aparece quando Jessé sobe ao palco...
Foto: Ag. News
Você e Mônica acabam de fazer bodas de prata. Qual é o segredo para ter um casamento duradouro?
Não tem segredo. Todo casamento passa por dificuldades. Mas a gente convive com elas. Minha mãe é casada há 60 anos. No subúrbio é assim. A pessoa só se casa uma vez.
Como vai ser sua festa de Natal em Xerém?
Mônica já comprou os brinquedos. Serão distribuídos dois mil presentes. Na festa que a gente deu na semana passada para comemorar os 25 anos de casados, pedimos que os convidados levassem cestas básicas. Nós vamos distribuir em Xerém também.
O que te atrai em Xerém?
Aquela gente boa e humilde. Lá eu posso sentar na esquina, no meio-fio. Sou gente comum.
A fama te cansa?
Cansa um pouco. As pessoas olham para os artistas e acham que a gente é extraterrestre. E não é nada disso. Pode chegar, cumprimentar...
Já se acostumou com a Barra?
Tenho que me acostumar. Nos mudamos mais por causa das crianças. Por mim e pela Mônica, a gente continuava em Xerém. Mas na Barra tem faculdade, cinema, teatro...
Quando você pensa em Xerém lembra de...
Do meu quintal com a batucada. O forno de lenha trabalhando, assando um leitão... Cerveja, cachaça, uísque, bêbado, polícia, compositor, político... São muitas lembranças!
E quando pensa na Barra?
Lembro do quiosque que costumo frequentar. Eu tenho grandes amigos na Barra também. Tem o Arlindo Cruz, o Jorge Perlingeiro e o Jorge Aragão.
Você estudou apenas até a quarta série. Se considera um exemplo de superação por ter uma carreira consolidada mesmo sem terminar os estudos?
Não gosto de falar disso porque as pessoas podem tomar como exemplo. Costumo dizer que não fui eu que escolhi a vida. Foi a vida que me escolheu.
Mas você cobra os estudos dos seus filhos?
Minha caçula, de 7 anos, passou de ano direto. Todos eles estudam porque eu cobro demais. Um faz Comunicação, a outra faz Moda... Acho o estudo muito importante. Se eu tivesse estudado, conduziria melhor a minha vida.
Você sempre aparece na praia com o netinho. Noah é o seu xodó?
É. Com certeza. Estou com a perna doendo por causa dele. Levo ele à praia e ele fala pra mim: "Vem andar, vovô!" Eu não resisto. Vou andar na areia da praia com ele e acabo forçando o joelho.
Você tem uma tatuagem de Cosme e Damião tatuada no peito. Por que você fez essa tatuagem?
Porque eu também sou criança! Sou devoto deles. Fiz a tatuagem há 26 anos. Sempre faço uma festa boa no dia 12 de outubro para a criançada. Me identifico.
O que ainda falta conquistar?
A imortalidade. Não tenho medo de morrer, mas tenho pena. Um mundão desse, com tanta gente bonita passando para lá e para cá... (risos)
O que você mais gosta de fazer nas horas vagas?
Tomar meu chope e ficar na praia, olhando a natureza... (risos)
Natureza, Zeca?
(risos) Pô. Aí você me complica...
O que mais importa nessa vida?
Ser feliz.
O que você espera para o ano que vem?
Sempre espero muita alegria. Gostaria de ver todas as crianças na escola, os hospitais públicos funcionando e os idosos sendo bem tratados.
POSTADO POR: Leo Dias às 23:53

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